"O
Grito", de Takashi Shimizu (2004)
Produzido em 2004, The Grudge é uma refilmagem
do japonês Ju-On –The Grudge,
de 2003, do mesmo diretor. O filme teve tanto sucesso no Japão
que a Columbia Pictures convidou Shimizu a fazer uma versão
norte-americana do filme (apesar dele transcorrer em Tóquio).
Karen, interpretado por Sarah Michelle Gellar, é uma
assistente social, que faz estágio no Centro de Apoio
em Tóquio, em Tóquio. É incumbida de cuidar
de uma senhora idosa doente que vive numa típica casa
japonesa, onde ocorrera há anos, um triplo assassinato
(ao descobrir que a mulher o traia, ou tinha fantasias de amor
e desejo com seu professor norte-americano, marido mata mulher
e filho). Na casa mal-assombrada, Karen é exposta a uma
maldição: o espírito dos mortos, imbuidos
de resentimento moral e vingança, volta para vingar-se
dos vivos. Mais um terror japonês refilmado por estúdios
de Holywood (o último foi O Chamado,
de 2003, refilmagem de Rinku, de Hideo Tanaka, e que
terá continuação em breve). É um
típico exemplar do mote clássico dos filmes de
terror: mortos voltam para aterrorizar os vivos. Numa perspectiva
sociológica, tal enredo clássico dos filmes de
terror pode ser considerado expressão de uma dimensões
estruturais da modernização capitalista: sua incapacidade
de abolir as formas estranhadas do passado, que continuam pesando
como um fardo sobre os vivos. Talvez o subgênero dos filmes
de terror que apelam para mortos-vivos e fantasmas, seja a representação
estética deste traço ontológico do sócio-metabolismo
do capital. É importante destacar que o capitalismo no
Japão vive uma crise lancinante há cerca de quinze
anos. Nas últimas décadas, a sociedade japonesa
está alucinada pela modernização capitalista
incontrolável, que destroça as tradições
do passado (entre elas a familia). O índice de suicídio
tem crescido de forma assustadora. E a juventude não
tem muita perspectivas de futuro. Este base social, alucinada
pela crise estrutural, busca nos filmes de terror, uma válvula
de escape para seus medos reais. Em The Grudge, a narrativa
não-linear e novos efeitos especiais contribuem para
uma atmosfera estranhada, de intenso pavor e suspense, absolutamente
desligada dos acontecimentos da vida social e política
(o que contribui para a plena fetichização dos
elementos narrativos, o que é comum no gênero terror).
Para conferir, o site do filme The Grudge. [topo]
(2004)
"Gladiador",
de Ridley Scott (2000)
Produção de 2000, ganhadora de vários Oscars
da Academia de Cinema de Hollywood. O general Maximus, após
se negar a aceitar como sucessor do Imperador Marcus Aurelius,
seu filho, Commodus, que usurpou o trono, assasinando o pai,
é condenado a morte e tem mulher e filho executados.
Consegue escapar da morte, torna-se escravo e gladiador e volta
a Roma para executar sua vingança contra o Imperador.
É claro que, Hollywood não é nenhuma Academia
de História, mas sim uma imensa Fábrica de Sonhos.
É bobagem buscar verossimilhança em seus dramas
históricos. Em Gladiator, Maximus, interpretado
por Russel Crowe, nunca existiu. É um personagem imaginário.
Aliás, todo o enredo possui falhas graves de veracidade
histórica (vide sinopse
crítica de Pablo Villaça). Entretanto, o filme
tem outra função. Em primeiro lugar, exigir de
nós, a busca da verdade histórica, provocando-nos
a conhecer mais a história do Império Romano.
Além desta função pedagógica às
avessas, o filme histórico tende a criar alegorias sobre
o tempo presente a partir de personagens, imaginários
ou não, do tempo passado. A questão é:
o que levou Scott a filmar Gladiator em nossa época?
Teria o filme algo a nos dizer, nos primórdios do século
XXI, de crise estrutural do capital, de expansionismo imperial
dos EUA e de seus impasses geopolíticos?. Um detalhe
curioso: o diálogo mais instigante do filme ocorre logo
no inicio entre o general Maximus e o Imperador Marcus Aurelius.
Eles discutem a sucessão imperial e o sentido do expansionismo
secular de Roma. O cansaço do Imperador-filósofo
Marcus Aurelius é expressão pessoal do esgotamento
irremediável de um ciclo civilizacional. Talvez seja
uma lição de vida (e de história) para
o nosso tempo. Outra figura de interesse é o intragável
Imperador Commodus, medíocre e ambicioso, verdadeira
síntese pessoal da etapa de decadência do Império
Romano. São personagens típicos de verdadeiros
dramas históricos. Talvez Stone tenha deslocado para
tais personagens a verdade oculta de seu suposto filme histórico.
No mais, é uma saga heróica de vingança
elaborada com competência técnica e vigor cenográfico
(o filme é genial pela reconstituição de
Roma Antiga). [topo]
(2004)
"Garganta
Profunda", de Gerard Damiano (1972)
(como Jerry Gerard)
Linda
Lovelace é uma jovem mulher insatisfeita e frustrada
com sua vida sexual, que descobre, ao consultar um terapeuta
sexual, que seu clitóris se localiza na garganta. A partir
daí torna-se atendente do Dr. Young (interpretado por
Harry Reems), conhecendo os mais estranhos casos de anormalidade
sexual. Os casos clínicos do Dr. Young desvelam, com
sutileza, traços da sociabilidade capitalista nos EUA:
o apego fetichista à memória; sexo e consumo (...de
Coca-Cola); e sexo e agressividade; enfim, símbolos típicos
de uma sexualidade dessublimada, mas reprimida pelos critérios
estranhados de socialização do capital. Clássico
do cinema pornô, que explicita, com humor grosseiro, a
aguda monotonia da vida pessoal no mundo burguês. O sexo
fetichizado em alto grau, totalmente impregnado de critérios
quantitativistas (só um big cock poderia fazer
Linda gozar...), expõe uma via de escape para o prosaísmo
do mundo burguês. Em 2005, Deep Throat voltou
a ser exibido nos EUA, reconhecido como um ícone cultural
dos 70’s. Em 2005, Fenton Bailey e Randy Barbato, lançaram
um documentário de sucesso, intitulado Inside Deep
Throat, que expõe a exploração da
indústria da pornografia nos EUA (o que explicaria o
retorno do filme porno-trash de Damiano). Dica: o longo artigo
de Bruce Handy sobre Deep
Throat.[Topo]
(2004)
"Gattaca
- A Experiência Genética", de Andrew Niccol
(1997)
Ficção-científica
do mesmo diretor de Simone (Andrew Niccol). Num futuro,
no qual os seres humanos são criados geneticamente em
laboratórios, pessoas concebidas biologicamente são
consideradas "inválidas". Vincent Freeman (Ethan
Hawke), um "inválido" que sonha viajar para
o espáoc sideral, consegue ter acesso à corporação
Gattaca ao incoporar a identidade de Jerome Mostow. O tema candente
é a engenharia gené’tica à serviço
da discriminação social. Ao ser utilizad como
forma de controle social, a engenharia genética e suas
técnicas de manipulação do código
da vida, aprofunda as determinações de classe
social, criando novas clivagens sociais. Ao dominar a Natureza,
sob o sistema do capital, a burguesia tende a aprofundar mais
ainda a dominação e exploracão da classe
subalterna. Na sociedade de Gattaca não existem mais
acasos, as técnicas de controle genético e eugenia
determinam tudo. Só não conseguem evitar a ambição
e a corrupção (como se evidencia no assassinato
do diretor da missão espacial para Júpiter em
Gattaca). Para análise crítica do filme, Clique
Aqui.[Topo]
(2005)
"A
Guerra dos Mundos", de Byron Kaskin (1953)
Um
objeto voador cai numa localidade no interior da Califórnia.
Atrai a atenção de pessoas, entre elas o cientista
em férias, Dr. Clayton Forrester, convidado a investigar
o estranho OVNI. A seguir, constata-se a aterrisagem de outros
objetos voadores. A Terra encontra-se diante de uma invasão
de seres extra-terrestres. O Exercito norte-americano, com todo
seu arsenal de guerra, não consegue deter a invasão
marciana que atinge todo o planeta. Adaptação
do clássico de H. G. Wells sobre a invasão marciana
da Terra. Os alienígenas são apresentados como
invasores que buscam ocupar a Terra. No final, observa-se que
os homens com suas armas de destruição em massa
nada conseguem contra os alienígenas. É a própria
Natureza que detém a ameaça marciana e impede
a invasão dos marcianos. [topo]
(2005)
“A
Glória de Um Covarde”, de John Huston
(1951)
O
jovem Henry Fleming (interpretado por Audie Murphy), é
recruta do Exército Americano na Guerra da Secessão
que após ser comunicado que irá para o campo de
batalha, inicia um de seus maiores dramas e desafios pessoais.
Duas batalhas são iniciadas: uma, pessoal e outra, real.
Como um jovem inseguro e despreparado, o medo de Henry parece
ser maior que sua bravura. Mas logo Henry busca enfrentar o
medo e encara-lo de frente, para depois tornar-se um herói
de guerra. Aos poucos, o medo e a covardia se transformam em
bravura...O filme baseado no clássico da literatura de
Stephen Crane retrata o lado humano da Guerra Civil norte-americana.
O heroísmo de John Huston em The Red Badge of Courage,
não é um heroísmo perene, mas sim, permeado
da tensa dialética entre medo e bravura. O horror da
guerra aparece de modo explicito e a bravura de Henry é
mais uma fuga para a frente do que uma mera apologia da barbárie
da guerra.[topo]
(2006)
“Gilbert
Grape - Aprendiz de Sonhador”, de Lasse Hallström.(1993)
A
história se passa numa pequena cidade do interior dos
EUA, onde vive Gilbert Grape, um adolescente comum (interpretado
por Johnny Depp) que sustenta a família desde a morte
do pai. Alem das duas irmãs, Gilbert cuida do irmão
deficiente mental (Leonardo DiCaprio) e da mãe obesa.
Em What's Eating Gilbert Grape, Lasse Hallstrom expõe
o tédio da vida de cidades provincianas, como no clássico
“A Última Sessão de Cinema”, e o drama
trágico do jovem adolescente que sustenta o fardo familiar.
A imobilidade de Gilbert Grapes se contrasta com a mobilidade
da jovem forasteira. Mas o que é interessante destacar
é a precariedade aguda de Grapes– tanto na situação
familiar, quanto na situação afetiva (ele mantém
um caso com uma mulher casada) e inclusive na situação
de emprego (é empregado numa pequena loja de variedades
ameaçada pelo hipermercado que se instala na cidade).
[topo]
(2006)
“A
Gardênia Azul”, de Fritz Lang (1953)
Filme
noir da fase americana de Fritz Lang. Uma jovem telefonista,
frustrada por ter sido abandonada pelo noivo, fuzileiro naval
na Coréia, aceita sair com sedutor artista, o playboy
Harry Prebble (Raymond Burr). No dia seguinte, a policia descobre
o corpo dele e busca a suposta assassina. Entretanto, a jovem
não se lembra de nada do que ocorreu e sentindo-se culpada,
foge. Recorre ao jornalista Casey Mayo (Richard Conte), buscando
demonstrar sua inocência. Thriller de Fritz Lang
cujos filmes da sua fase norte-americana apresentam protagonistas
esmagados pelo sentimento de culpa, buscando provar que são
inocentes e perseguidos pelo sistema das coisas. Através
de seus thrillers, Fritz Lang conseguiu expressar com
vigor o espírito de estranhamento que se dissemina
na trama das relações sociais do mundo burguês
(a estória de The Blue Gardenia, possui similaridades
com o filme "Chantagem
e Confissão", de Alfred Hitchcock, de 1929).
Na verdade, nos filmes de Lang o vazio existencial tende a se
traduzir em esmagadores sentimentos de culpa. O filme possui
tratamento visual sofisticado, com Fritz Lang demonstrando talento
na iluminação e no jogo de claros-escuros que
tradzuem o estado de espírito dos personagens.[topo]
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