Sinopses de Filmes

T
"O Terminal", de Steven Spielberg (2004)
"THX 1138", de George Lucas (1971)
“Titanic”,
de James Cameron (1997)
“A Tortura do Silencio”, de Alfred Hithcock (1953)
“Terra Estrangeira”, de Walter Salles (1995)
“Trainspotting – Sem Limites”, de Danny Boyle (1996)

 

 


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"O Terminal", de Steven Spielberg (2004)

 

 

Viktor Navorski (interpretado por Tom Hanks) é um cidadão da Europa Oriental que viaja rumo a Nova York, quando seu país sofre um golpe de Estado, o que invalida seu passaporte. Ao chegar ao Aeroporto JFK, em Nova York, Viktor não consegue autorização para entrar nos Estados Unidos. Sem poder retornar à sua terra natal, já que as fronteiras foram fechadas após o golpe, ele passa a improvisar seus dias e noites no próprio Aeroporto, à espera que a situação se resolva, descobrindo o complexo mundo do terminal onde está preso. The Terminal é uma crítica sutil ao Sistema que oprime o homem comum, imerso em sonhos e ideais, como é o caso de Viktor, isolado entre a crise política em seu País e a burocracia da Alfândega dos EUA (um detalhe: Viktor viaja para os EUA apenas para cumprir uma promessa, feita ao pai falecido, de conseguir a assinatura de um jazzista famoso). Nos interstícios da “máquina do mundo”, Spielberg busca, com humor, apresentar pessoas simples, imigrantes clandestinos, migrantes do Leste Europeu, proletários, resignados, mas solidários; homens e mulheres criativos, de anseios nobres, embora iludidos, e sempre dispostos a cultivar esperança. No bom estilo de Hollywood, Spielberg nos diz que, homens maus existem, mas são meras exceções; o Sistema tem seu lado bom e a integridade pessoal é possível. [topo]
(2005)

 

"THX 1138", de George Lucas (1971)

 

No século 25, THX 1138 é um operário de uma sociedade-colméia de controle social total, estilo 1984, de George Orwell e Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, que divide seu cubículo com uma fêmea, LUH 3417. De repente, passam a rejeitar a cota diária da droga que são obrigados a tomar e experimentam um romance (que é proibido). THX 1138 é acusado de crime capital e condenado a prisão perpétua. Impressiona a cenografia com tomadas de cena em branco sobre branco, sugerindo ambiente estéril e frio, que transmitem o isolamento entorpecente deste mundo futuro. Na sociedade do capital do século 25, homens e mulheres operários e empregados, trabalham em estado de letargia causada pelo uso de drogas tranqüilizantes. Não têm nomes, identidades, necessidades, nem memória do mundo que abandonaram. Parábola amarga, "THX 1138" é a síntese das distopias tecnológicas do século XX. Mas, George Lucas sugere que, mesmo o homem mais comum, um operário imerso na lógica do produtivismo (em pleno século 25!) é um insurgente contra o agudo estranhamento. THX 1138, herói anônimo, foge desta angustiante sociedade para se encontrar sob o céu de uma nova era. Perplexo... mas triunfante! [topo]
(2005)

 


 

“Titanic”, de James Cameron (1997)

 

Jack Dawson (DiCaprio) é o jovem arrivista que ganhou o bilhete para viagem no Titanic, tornando-se passageiro de terceira classe no luxuoso transatlântico. Como passageiros do Titanis embarcam também Rose DeWitt (Winslet), jovem da alta sociedade, sensível e expansiva, de uma família com pouco dinheiro mas com toda a classe, obrigada a casar, contra a sua vontade, com Cal Hockley (Zane), rico e desprezível burguês norte-americano. Carl e a mãe de Rose a acompanham para a viagem à América. Angustiada pela mediocridade da vida burguesa, Rose decide suicidar-se e Jack a salva. Da amizade surge um romance proibido. O drama trágico e romântico de Jack e Rose ocorre às vésperas do naufrágio do transatlântico. Titanic é a alegoria do mundo burguês da belle époque, afluente, exuberante e auto-confiante. Por trás da história de amor entre Jack e Rose ocultam-se alegorias e metáforas sobre a sociedade burguesa pré-1914. Por exemplo: a aguda divisão de classes sociais que caracteriza a ordem burguesa imprime a sua marca na divisão entre passageiros de primeira, segunda e terceira categoria do Titanic. O proletariado imigrante acomoda-se quase no sótão do transatlatico. Por outro lado, a angústia de Rose explica-se pelo sentimento das camadas pequeno-burguesas mais sensivéis, insatisfeitas com a banalidade da vida capitalista. Na verdade, são tempos de agudas contradições entre a afluência do mundo burguês, a persistência da velha ordem agrário-aristocrática e a busca de uma vida plena de sentido. [topo]
(2006)

 


 

“A Tortura do Silencio”, de Alfred Hithcock (1953)

 

 

O padre Michael Logan (interpretado por Montgomery Clift), ouve a confissão de um assassino, Otto Kelar, que trabalha como zelador em uma igreja católica. Kelar ao fazer serviços de jardinagens, aproveitou-se da casa vazia e decidiu realizar um assalto, porém foi pego pelo proprietário e teve que matá-lo. Logo a seguir, Kelar confessa seu crime ao padre Logan, que não pode, entretanto, revelar à polícia. As normas da Igreja impedem Logan de falar - mesmo que seja em sua própria defesa. As investigações apontam o padre como um possível suspeito, tendo em vista que Anne Baxter, mulher do homem assassinado, foi antiga paixão de Logan. Em "A tortura do silêncio"(1952) e "O homem errado"(1957), Hitchock trata com maestria o tema cristão do homem acusado por um crime que não cometeu - é o drama tragico da transferência de culpa. De certo modo, o suspense do mestre Hithcock é um recurso genial de manipulação do espectador, buscando sugerir que a realidade não é o que parece ser. Existe, deste modo, através do suspense hitchockiano um fascínio sinistro pela dialética contingente da vida burguesa [topo].

 

 

 

“Terra Estrangeira”, de Walter Salles (1995)

 

Paco (Fernando Alves Pinto) é um jovem de 20 anos cuja morte da mãe, abalada com o confisco monetário do Plano Collor, o deixa sem prumo. Decide ir para o exterior conhecer, na Espanha, a pequena cidade natal da mãe. Enquanto isso, em Lisboa, Alex (Fernanda Torres) está igualmente à deriva, enredada em um complicado namoro com Miguel (Alexandre Torres), um músico frustrado que sobrevive à custa de contrabando. Paco e Alex, tipos de classe média, são duas facetas da mesma pessoa, pois espelham tipos diversos de exílio. O mais visível, é claro, é o exílio econômico, já que ambos enfrentam dificuldades para se manter durante os anos difíceis de Collor no poder. Entretanto, existe um tipo mais íntimo e mais profundo de exílio: a busca desesperada por um lar, por uma raiz, no mundo da globalização neoliberal. A classe média proletarizada que imigra e cai nas mãos das redes criminosas é um tema social candente que Salles expõe de modo poético. Na década neoliberal - os anos 1990 - o Brasil, pela primeira vez, tornou-se um país de emigrantes. Um destaque para a bela fotografia de Walter Carvalho em preto&branco e a melodia “Vapor Barato” (cantada por Gal Costa), um feliz improviso que dá a nota triste e definitiva de encerramento ao filme. A cena acima é bastante sugestiva - numa praia distante do litoral português, uma embarcação abandonoda. Alex diz para Paco: "Podiamos encalhar aqui...como ela."[topo].

 

 

 

“Trainspotting – Sem Limites”, de Danny Boyle (1996)

 

 

Filme cínico e bem-humorado que retrata o cotidiano de jovens de familias de classe média proletária, viciados em heróina na cidade de Edimburgo, Escócia. Trainspotting (que significa mais ou menos “matar o tempo vendo trens passarem”, atividade que viciados em heroína na Escócia se dedicam a fazer enquanto curtem o barato da droga) trata, de modo realista, do cotidiano de viciados em droga pesadas: das viagens alucinógenas que “parecem mil orgasmos” à inadaptação social; da dor física provocada pela dependência à morte banal (o filme contém cenas degradantes, como, por exemplo, Renton mergulhando em uma privada imunda para encontrar um supositório de heroína ou Spud acordando de ressaca em meio a uma poça de cocô). Ranton (Ewan McGregor) é o jovem viciado que decide largar o vicio. Mas até abandonar o cotidiano de drogado, enfrenta situações degradantes. Os viciados da gang de Ranton são pessoas amorais e egoístas. Entretanto, o filme mostra também que eles se compreendem. Transpotting utiliza linguagem pop (visual clip music embalado, por exemplo, ao som da “Perfect Day”, a canção do trovador da heroína, Lou Reed) para expor com sutileza e humor a barbárie pessoal dos viciados de droga pesada. Logo na abertura, salientemos o discurso de Ranton que expõe, de forma aguda, a falta de uma vida plena de sentido nas sociedade capitalistas avançadas. Diz ele: “Escolha viver. Escolha um emprego. Escolha uma carreira, uma família. Escolha uma televisão enorme. Escolha lavadora, carro, CD Player e abridor de latas elétrico. Escolha saúde, colesterol baixo e plano dentário. Escolha viver. Mas por que eu iria querer isso? Escolhi não viver. Escolhi outra coisa. Os motivos? Não há motivos. Quem precisa de motivos quando tem heroína?”. [topo].