Sinopses de Filmes

Q
"O Quinto Elemento", de Luc Besson (1997)
"Quase Nada", de Sergio Resende (2000)
“A Queda– As Últimas Horas de Adolf Hitler”,
de Oliver Hirschbiegel (2004)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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"O Quinto Elemento", de Luc Besson (1997)


Em pleno século 23, um motorista de táxi, Korben Dallas, interpretado por Bruce Willis, é envolvido numa trama apocalíptica: precisa encontrar e proteger o quinto elemento, elo de energia capaz de salvar a Terra de uma terrível ameaça vinda de outra dimensão e que percorre a galáxia a cada 5000 anos. Se nada for feito a Terra será destruída. Para isso, ele precisa encontrar 4 pedras antigas, que representam os elementos, e colocá-las em volta de uma bela mulher (Milla Jovovich), que é o quinto elemento. Em sua missão, precisa enfrentar o ambicioso dono de corporação industrial, Jean-Baptiste Emmanuel Zorge (imterpretado por Gary Oldman) e um grupo de mercenários alienigenas, dispostos também a encontrarem as 4 pedras. Ficção-cientifica em ritmo de comédia com bons efeitos especiais. Luc Besson nos apresenta algo que é típico no genero ficção-científica: uma bricollage de referências cinematográficas: dos vilões de Flash Gordon à arquitetura futurista de Metropolis, passando por Jornadas Nas Estrelas ou mesmo Stars War (sem faltar os mistérios do Antigo Egito, origem do Quinto Elemento, e de padres de estilo medieval, guardiões de segredos milenares). É curioso que o filme sugere que, apesar do grande avanço tecnológico no século 23, o destino da Terra ainda depende de mistérios milenares oriundos no Antigo Egito e da ação de padres e de proletários marginais (o motorista de táxi KOrben Dallas). Nas entrelinhas, uma crítica sutil, e bem-humorada, à parafernália tecnológica no estilo à la Hollywood. [topo]

 



"Quase Nada", de Sergio Resende (2000)

Filme brasileiro constituído por três histórias. Em Foice, um capinador negro se torna chefe de seu grupo e desperta a inveja de seu melhor amigo e compadre branco. Em Veneno, um vaqueiro não consegue dormir, esperando a vingança certa de um desafeto do passado. Já em Machado, um calado e rude criador de rosas decide acabar com a alegria de viver de sua mulher. Quase Nada expressa a visão contundente de um Brasil interior, seja no sentido territorial (o filme ocorre em fazendas distantes das aglomerações urbanas, com cada trama se aproximando, mas não atingindo, o território da Metrópole); seja no sentido psicológico (o filme trata de homens solitários, imersos em inveja, desconfiança, vingança ou ainda paranóia, ciúme e morte). De certo modo, o filme de Sergio Resende desmitifica o mundo rural do Brasil profundo, com personagens entregues (ou em luta) com seus demônios interiores. Ao contrário de Bye Bye Brasil (de Cacá Diegues) ou Central do Brasil ( de Walter Salles Jr.), onde a ida ao interior do País é uma metáfora da busca de identidade nacional, em “Quase Nada” o que aparece é a tragédia da Nação através de pequenas misérias do Brasil profundo, onde um “quase nada” conduz personagens à morte ou à prisão. O afeto regressivo que motiva os personagens é a inveja (em Foice), o medo (Veneno) e o ciúme (Machado). Cada afeto negativo corresponde a um instrumento de trabalho (foice, veneno e machado), expressão de vida e de morte no mundo do capital. Deste modo, Resende expõe as pequenas tragédias do cotidiano de um país de modernização inconclusa, de objetivação capitalista de via colonial-prussiana, onde o estranhamento social assume múltiplas formas sócio-psicologicas. Apesar do relato intimista, Resende apresenta flagrantes determinações sociais, expressas na desigualdade de classe, de etnia e de gênero. Por exemplo, o estranhamento (e a desefetivação humano-genérica) está presente no episódio Foice, através da inveja que dilacera as relações de amizade entre dois trabalhadores rurais (é difícil não apreender ilações implícitas do conflito racial que perpassa o mundo do trabalho – o capinador é negro e o cumpadre é branco); e está presente também no episódio Veneno, quando um vaqueiro se encontra diante de um inimigo que vem do passado, e só está presente na memória e que vive dentro de si. Suas alucinações e o medo visceral o conduzem ao suicídio. E ainda no episódio Machado, onde um pequeno produtor de rosas sente um ciúme doentio que o leva a matar a mulher. [topo]
(2005)

 

“A Queda – As Últimas Horas de Adolf Hitler”, de Oliver Hirschbiegel (2004)

Der Untergang é baseado nos depoimentos de Traudl Junge (interpretada por Alexandra Maria Lara), que trabalhava como secretária de Adolf Hitler (Bruno Ganz) durante os últimos dias da 2ª Guerra Mundial. O filme narra as últimas horas do líder alemão, confinado em seu bunker numa Berlim sitiada. É o relato cuidadoso de uma trágica derrota, isto é, as últimas horas daqueles que conduziram o Reich alemão para seu desastre nacional. Ao se deter não apenas na dimensão logística da derrota nazista – ou seja, nas grandes cenas de combate bélico, com seus movimentos de tropas, mas no drama pessoal – e quase psicológico - de Adolf Hitler, o filme consegue expor a dimensão demasiadamente humana do líder nazista (o que não é comum nos filmes de II Guerra Mundial). Na verdade, Der Untergang expõe a progressiva perda de senso de realidade de Adolf Hitller diante da iminente derrota alemã. É como se o alucinado Adolf Hitler, impotente e frustrado, nos aparecesse, neste momento, como um pequeno homem e não como monstro – um pequeno homem degradado, escultor da barbárie humana suprema, zeitgeist de um capitalismo imperial alucinada, imerso no mito do Reich eterno. O que observamos nas lentes do filme, são os últimos delírios de Hitler e dos generais do III Reich. É difícil imaginar que a suprema barbárie da guerra seja constituída por homens e mulheres tão frágeis, quanto insanos, racionalmente insanos, como nos apresenta Der Untergang. No submundo do bunker de Hitler, mundo das sombras, sem janelas e horizontes do porvir, estamos imersos no antro surreal de homens derrotados, desefetivados em alto grau, que fogem de si e da própria realidade como forma de compensar a perda irremediável de suas ambições imperiais. Talvez a desefetivação dos dominadores, principalmente no instante da sua derrota irremediável, é tão cruel, ou até mais trágica, que a desefetivação, ou a perda do sentido de realidade, dos dominados. É o que o filme tenta nos sugerir através da tragédia grotesca dos últimos dias de Adolf Hitler. [topo]
(2005)