Sinopses de Filmes

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"Laranja Mecânica", de Stanley Kubrick (1971)
"Legião Invencível", de Henry Ford (1949)
"O Leopardo", de Luchino Visconti
(1963)
“A Luz é para Todos”,
de Elia Kazan (1947)

 

 

 

 

 

 

 

 


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"Laranja Mecânica", de Stanley Kubrick (1971)


A Clockwork Orange, é um dos clássicos de Stanley Kubrick, produzido em 1971. Foi baseado no romance distópico homônimo de Anthony Burgess, cuja primeira edição é de 1962. Na Londres de um futuro não muito distante, o jovem Alex De Large (interpretado por Malcolm McDowell) e seus amigos (ou drugues, na linguagem Nadsat, criada por Burguess), Pete, Georgie e Dim, espancam um velho mendigo, enfrentam uma gang rival, provocam acidentes na estrada, assaltam e estupram casa de família. Certo dia, ao assaltar a mansão de uma criadora de gatos, Alex é traído pelos seus amigos e é capturado pela polícia. Acusado da morte de sua vítima de assalto, é condenado a 14 anos de prisão. Entretanto, na penitenciária, ele se oferece para ser cobaia do Tratamento Ludovico, que busca regenerar criminosos comuns através da eliminação do reflexo criminal. A Técnica Ludovico manipula o cérebro utilizando drogas e vídeos. Um dos temas candentes de Laranja Mecânica é o problema da ressocialização penal, ou seja, o que fazer com a crescente população prisional nas sociedades tardias do capital. É um tema de atualidade premente nos paises capitalistas centrais ou periféricos, com o crescente contigentes de jovens desempregados e imersos em profunda crise fiscal. Naquela época, de prenúncio da crise do fordismo-keynesiano, o problema da juventude marginal já se tornava motivo de preocupação dos governos (a questão de classe social é importante: o jovem Alex, que adora sexo, violência e Beethoven, é filho único de uma família de trabalhadores ingleses). Ao abordar em 1962, (e em 1971, no caso de Kubrick), a utilização de técnicas neurais para o controle social, Burgess e Kubrick demonstram sua genialidade, antecipando o que é vigente em nossos dias: o uso abusivo das drogas para a adaptação social. Na verdade. por trás da Técnica Ludovico está um dos temas marcantes da filmografia de Kubrick: a discussão da identidade do homem em tempos de agudo estranhamento e de fetichismo da mercadoria. A Clockwork Orange pode nos indicar as formas expressivas de estranhamento vigentes no capitalismo manipulatorio. [topo]
(2005)

 

 

 

"Legião Invencível", de John Ford (1949)

 

 


She Wore a Yellow Ribbon, de 1949, é o segundo filme da trilogia de John Ford sobre a cavalaria; os outros foram Fort Apache (Forte Apache), de 1948, e Rio Grande (Rio Grande), de 1950. Nesse clássico do western, John Wayne é o capitão da cavalaria Nathan Cutting Brittles, que em sua última semana de serviço no front, consegue impedir um ataque massivo de índios arapahoe e cheyenne contra o Forte C. Na verdade, o capitão Brittles é um solitário em busca de seus princípios, com grande senso de dever, beirando o fanatismo, onde a morte não é algo a se temer. Como um pai benevolente, ele está disposto a buscar a paz com os índios em sua derradeira missão. Os índios são representados como bárbaros insubmissos e temidos que reagem, de forma violenta, contra a ocupação do homem branco em sua terras de caça (aparecem, em geral, atacando os comboios ou a cavalaria). Em She Wore a Yellow Ribbon, antes de executar o "ataque preventivo" à tribo arapahoe, Britlles busca um diálogo com o velho cacique que, incapaz de negociar a paz, culpa os jovens indígenas pela sede de morte contra o homem branco. A trilogia de Ford sobre a cavalaria é um ótimo recurso fílmico para uma reflexão histórica (e sociológica) sobre a ideologia (e morfologia) histórica do imperialismo yankee em sua forma primordial endogenica: o massacre das populações indígenas. A glorificação do United States Army surge com a cavalaria em sua missão histórica de defender a ocupação do território nativo, segregando as várias tribos indígenas em reservas demarcadas. Com John Ford, o ideal da Nação construída através das "legiões invencíveis" se apresenta em alto estilo. Entretanto, o patriotismo de Ford não é vulgar, nem piegas. Ele não destaca a corporação militar em si, mas a figura do herói épico, quase messiânico, que, embora integrado, é um tipo solitário e meio perdido, representado com vigor por John Wayne, ator preferido de Ford. Mas o herói fordiano se transfigura no decorrer da filmografia fordiana, quase seguindo a lógica da própria geopolítica dos EUA (é o que veremos em Rastros de Ódio, outro filme de John Ford, de 1958). Uma dica: é interessante o artigo de Bebete Viegas sobre Os heróis fordianos. [topo]

 

 

 

"O Leopardo", de Luchino Visconti (1963)

 


Il Gattopardo
, de Luchino Visconti é uma obra-prima do filme histórico do século XX. A partir do romance de Tomasi Di Lampedusa, Visconti nos apresenta com vigor narrativo a ascensão das "classes médias" (a burguesia) e a decadência da nobreza sob o Risorgimento italiano, em 1860. É impressionante a construção de personagens típicos e seus vinculos com a estrutura de classe. Deste modo, o filme de Visconti não é apenas um filme histórico, mas é uma narrativa sociológica baseada nas categorias de classes e luta de classes, apreendidas num momento histórico típico. É a expressão-mor do realismo histórico, com Visconti demonstrando a importância (e o vigor) da construção de uma narrativa histórica baseada nas categorias de classes sociais e luta de clases, tão esquecidas pelo cinema e pelas teorias sociológicas pós-moderno. Temas significativos em Il Gattopardo: classes sociais, luta de classes, objetividade e subjetividade de classe, revolução social, revolução passiva e transformismo (conceitos de Antonio Gramsci). Seria interessante um painel analítico-sociológico dos filmes "O Leopardo", "A Terra Treme" e "Rocco e Seus Irmãos", todos de Luchino Visconti, uma trilogia interessante sobre a anatomia de uma sociedade capitalista imersa no passado e presente da exploração do capital em suas formas arcaicas e modernas. Uma dica é o site Luchino Visconti, dedicado inteiramente a Visconti e sua obra. [topo]

(2004)

 

 

“A Luz é para Todos”, de Elia Kazan (1947)

 

 

Phil Green, jornalista (interpretado por Gregory Peck), resolve se mudar para Nova York, onde é convidado pela revista a qual trabalha para escrever uma série de artigos sobre o anti-semitismo nos EUA. Buscando um angulo completamente diferente, ele decide fingir ser judeu. Essa experiência permite a Green descobrir quais os sentimentos das pessoas a respeito do assunto. Ele e seu filho sofrem com a intolerância religiosa. Inclusive, ele descobre na própria noiva, Kathy (Dorothy Mcguirre), atitudes de indiferença e omissão. Gentlemans Agreement, baseado no livro homônimo de Laura Z. Hobson, expõe a anatomia do preconceito religioso nos EUA do pós-guerra, demonstrando que ele se manifesta não apenas de modo grotesco, mas de forma sutil nas pessoas que ficam indiferentes e omissas às atitudes preconceituosas. Além disso, como sugere o título original do filme, o preconceito como fato sociológico não deixa de ser um “acordo de cavalheiros” que oculta motivações irracionais. Foi a experiência de ser judeu que permitiu Phil Green apreender as múltiplas nuances do drama humano do preconceito religioso. [topo] (2006)