Sinopses de Filmes

F
"Fahrenheit 9/11 ", de Michael Moore (2004)
“Flash Dance”, de Adrian Lyne (1983)
"A Fantástica Fábrica de Chocolate", de Tim Burton (2005)
“Farrapo Humano”, de Billy Wilder (1945)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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""Fahrenheit 9/11 ", de Michael Moore (2004)


Documentário político sobre como o Governo Bush se aproveitou dos atentados terroristas de 11/09 nos EUA para consolidar sua estratégia de negócio (a da familia Bush) e de poder imperialista (o dos EUA). Moore nos apresenta os vínculos de longa data dos Bush com a clã Bin Laden e a Arábia Saudita, que investiu, só nas últimas décadas, cerca de US$ 860 bilhões nos EUA; o Decreto Patriota, que atingiu as liberdades civis nos EUA a título de deter a ameaça terrorista; a cultura do medo, a invasão do Iraque, as oportunidades de negócios (com destaque para a empresa Halliburton), o recrutamento de jovens desempregados, a barbárie da guerra e a dor das perdas com soldados mortos. O documentário de Moore disseca, de forma quase didática, os vínculos entre poder político imperialista e interesses de negócios das corporações industrial-militar (mediado, é claro, pelos interesses da família Bush). Na verdade, torna-se claro neste documentário de Moore que a família Bush se apropriou do Estado para defender seus interesses particularistas. Os limites de Fahrenheit 9/11 é seu viés planfetário – panfleto do Partido Democrata. Sua crítica do sistema de poder imperialista nos EUA é bastante limitada, tendo em vista que não salienta que não são apenas os Republicanos que se apropriam do Estado político para a defesa de seus interesses familiares e de classe, mas inclusive os Democratas (que apoiaram, por exemplo, a invasão do Iraque). Enfim, talvez Bush seja apenas o lado mais décrepito de um sistema apodrecido do poder mundial do capital, que dilacera não apenas os EUA mas todo o mundo com sua sanha imperialista. Na foto acima, a perene expressão de G.W. Bush às 9: 05 A.M. do dia 11 de setembro de 2001, exato momento do ataque terrorista ao World Trade Center em Nova York. O que estaria passando por aquela cabeça? [topo]
(2005)

 



“Flash Dance”, de Adrian Lyne (1983)

Uma jovem proletária, a bela Alex Owens, de 18 anos, interpretada por Jennifer Beals, garota do interior, de garra e talento, busca realizar o sonho de dançar em um conceituado conservatório de balé clássico. Para tanto, durante o dia ela trabalha como operária soldadora em uma construtora, e à noite solta seu corpo no ritmo alucinante das discotecas. Até que, certo dia, Alex conquista o coração do dono da construtora, homem separado, mais velho e muito rico. Filme de sucesso nos primórdios da década de 1980, que expõe a ideologia do sucesso na ótica do individualismo romântico de cariz neoliberal. Ao estilo de Embalos de Sábados a Noite, com John Travolta, Flash Dance, imerso na era Reagan, mescla sonhos utópicos da sociedade burguesa, tais como a ascensão social através do amor romântico – a jovem pobre – e operária! - que se casa com homem rico, mas que não abdica de seus sonhos profissionais. A ideologia do sucesso por conta própria, preservando, com dificuldades, valores conservadores (Alex é um vulcão de desejos, de libido à flor da pele, que busca aplacar seus sentimentos de culpa no confessionário; além disso, possui ciúmes alucinados, quase ao estilo de Glenn Close em Atração fatal) A trilha musical de sucesso é de Giorgio Moroder. A direção é de Adrian Lyne que fez depois: 9 ½ semanas de amor, Atração Fatal, Proposta Indecente, Lolita e Infidelidade. Vale conferir para apreender a ideologia da vida neoliberal e uma dos aspectos da crise do fordismo como modo de subjetivação do trabalho, ou seja, o corpo se libera através da dança e do sonho do trabalhado por conta própria, mas sem se “desconectar” das factualidaes do sócio-metabolismo do capital (a ideologia do sucesso e posessividade romântica). [topo]
(2005)

"A Fantástica Fábrica de Chocolate", de Tim Burton

Um excêntrico capitalista, proprietário da fábrica de chocolate Willy Wonka, interpretado por Johnny Deep, promove concurso internacional para escolher aqueles que vão fazer um tour em sua fantástica fábrica. Cinco crianças de sorte, entre elas Charlie Bucket, encontram os bilhetes dourados em barras do chocolate Wonka e ganham a visita. Maravilhado com tudo o que vê, Charlie fica fascinado pelo mundo fantástico de Wonka. Na verdade, o capitalista, imerso em conflitos íntimos e traumas de infância, almeja escolher seu sucessor. Refilmagem do filme de Mel Stuart, de 1971, baseado na obra "Charlie and the Chocolate Factory", de Roald Dahl. . No filme de Tim Burton, com seu estilo gótico, expressando um universo sombrio e espetacular, Charlie e a família Bucket parecem uma abstração. Representam a típica família proletária, que preservam ainda valores de sociabilidade tradicional. O pai de Charles é um ex-operário, desempregado em virtude de inovações tecnológicas no seu local de trabalho. No filme de Burton o destaque à condição operária, vítima do desemprego estrutural é interessante (o que não havia no filme de Stuart). Todos os Bucket moram num pequeno barraco incrustado no centro da cidade. A presença no lar dos Bucket de todos os avós de Charlie prefigura a preservação de laços afetivos com o passado. Na verdade, o jovem Charlie está ainda imersa no mundo tradicional, onde o que prevalece são os verdadeiros laços de família tradicional. Por outro lado, as outras crianças – Augustus, Veruca, Violet e Mike, estão imersos no mundo do fetichismo da mercadoria. Ao tratar do mundo das crianças, Dahl (e Burton) buscam apresentar as contradições candentes do nexo sócio-reprodutivos da sociedade do capital. Numa situação de crise estrutural, a partir de meados da década de 1970, o universo problemático das crianças, como prefiguração da reprodução social, é deveras pertinente. Afinal, as crianças representam o futuro do sistema social. O que presenciamos em Charlie and the Chocolate Factory são crianças pervertidas pelos valores da "sociedade do espetáculo", onde vigora o egoísmo perverso, a possessividade das coisas, do consumismo e da gulodice. Cada criança contemplada pelos cupom Wonka prefigura uma degradação da personalidade infantil pelo fetichismo do capital, com exceção de Charlie. O aclamado diretor Tim Burton traz seu estilo extremamente gótico-criativo ao livro clássico de Roald Dahl. Existem diferenças sutis em relação à primeira versão de Mel Stuart, de 1967. Por exemplo, no filme de Stuart, o jovem Charlie vai à escola (o que supõe destacar ainda uma perspectiva de integração possivel à ordem do capital para a classe proletária através da educação escolar). Na versão de Tim Burton, a pobreza dos Bucket parece ser mais dilacerante do que aquela mostrada por Mel Stuart. Outro detalhe interessante é que, na nova versão de 2005, as relações entre o capitalista James Salt, pai de Veruka Salt, e os operários da sua fábrica, que procuram, para sua filha Veruka, os cupons Wonka é pautada pela aguda desconfiança (o que não havia na versão de Mel Stuart). O que pode sugerir a degradação das relações de trabalho nos últimos trinta anos de crise estrutural do capital. [topo]
(2005)

 

 


“Farrapo Humano”, de Billy Wilder (1945)

 

Don Birman, interpretado por Ray Milland, é um escritor frustrado com a carreira que se afunda no vicio do alcoolismo, buscando afogar suas desilusões profissionais. Seu irmão, Wick e sua namorada, Helen St.James, interpretada por jane Wyman, jovem editora de revista bem-sucedida, buscam ajudá-lo, afastando-o da bebida, mas sem sucesso. The Lost Weekend, ganhou 4 Oscar e teve roteiro de Charles Brackett e Billy Wilder, baseado em livro de Charles R. Jackson. O jovem escritor Don Birmann sente, em 1945, os constrangimentos do American Way of Life, onde o ritual do sucesso introjeta nas personalidades incapazes de cumprir os ditames do princípio do desempenho, um agudo sentimento de culpa, que se traduz em auto-destrutividade. É que acompanhamos em The Lost Weekend: a odisséia da auto-destrutividade de um homem pelo alcoolismo, incapaz de lidar com sua barbárie interior, sua fraqueza intima diante dos constrangimentos do sucesso. [topo]
(2005)