Ensaios Tela Crítica

 

 

“Cinema de Animação: Entretenimento e Ideologia do Capital
na Formação Infanto-juvenil"

 

 

Claudio Vieira Pinto

 

 

 

Introdução

A intenção desse artigo é propor reflexões sobre as obras de animação, particularmente as produzidas nos Estados Unidos da América (EUA) e suas mensagens a certo tipo de público: infanto-juvenil, na virada do século XX para o XXI.

Quando pensamos em cinema de animação ou no consumo dessa forma de produção é comum imaginar que este é um dos poucos momentos que a família - todos em qualquer idade – possa aproveitar instantes de lazer e, às vezes, cultura com censura livre e sem preocupações. Mas podemos mesmo ter consentimento inanimado diante do animado? Como e o que as produções cinematográficas, em particular as de animação, têm apresentado sobre o mundo do trabalho e suas relações para as crianças? É possível desvelar nos conceitos abordados e apresentados nessas obras os interesses e objetivos na formação de um tipo de cidadão? Que papel e importância devem ser dadas ao cinema de animação dentro da História do Cinema? Esse tipo de produção está voltado ao lazer ingênuo e despretensioso ou pode ser visto dentro de um contexto histórico com influência social, política, ideológica e cultural?

São inúmeros os questionamentos que podemos fazer na busca de compreender a dialética do entretenimento e a mensagem explícita e, sobretudo, implícita que invade as relações sociais na sua dimensão afetiva e particular, mais, especificamente, nos lares e, no caso do cinema de animação, na formação infanto-juvenil, já que este atua como um importante substrato cultural e até mesmo em modelos. É comum observar os comportamentos de crianças e adolescentes embasados em algum modelo de “herói”, construído a partir da interiorização de caricatura de determinados personagens.

Assim quando o espectador - que preferimos usar o termo sujeito-receptor – pretende de forma consistente e embasada realizar uma análise critica persuasiva desse tipo de obra deve ampliar seu conhecimento e olhar sobre cinema (incluindo o de animação) envolvendo sua história, produções, época, custos, gêneros, etc. para que se instrumentalize dos elementos que possibilitem a análise e síntese, e dessa forma se afaste do perigo da manipulação.

Quando falamos ou pensamos em cinema, em geral, a primeira imagem que vem em mente da maioria das pessoas é o tapete vermelho, holofotes, paparazzos, fotógrafos de revistas e jornais, fãs e, entre outros, o glamour do mundo da fama. E é isso mesmo que ocorre/existe numa indústria liderada por Hollywood que além de monopolizar o mercado de entretenimento e produção cultural e fílmica, procura padronizar vidas e sonhos.

Mas o cinema é muito mais que lucro, deslocalização/relocalização nas produções, vendas de réplicas de produções, informática (internet), DVDs... e sua utilidade social é dispare e discutível.

O filme tem se tornado um importante mecanismo tanto para a internalização de determinada ideologia quanto para o seu questionamento ou desvendamento. Interessa destacar o seu uso como interpelação, explicação ou contra-posição a determinada realidade. Nesse sentido, autentica experiência brasileira vem sendo desenvolvida pelo Professor Giovanni Alves, da UNESP de Marília, que por meio da análise crítica de filmes, tem dissecado os dramas que dissertam acerca do mundo do trabalho e mostrado como é possível fazer o uso do cinema no processo de formação acadêmica e também de lideranças sociais e políticas.

Dessa maneira, a partir da participação no projeto Tela Crítica, desenvolvido por Alves, temos trabalhado em sala-de-aula, especificamente, com alunos do Ensino Médio, com análises de filme, que versam sobre os temas pertinentes ao mundo do trabalho capitalista na formação e preparo para o mercado de trabalho. Buscamos identificar e discutir -numa perspectiva crítica - os conceitos ideológicos apresentados (e impostos) pelos filmes, que apesar de voltados ao público infanto-juvenil, são carregados da ideologia da organização e gestão do trabalho e, portanto, corroboram para a hegemonia capitalista. Sendo assim compreender esse mecanismo midiático e propor uma ação pedagógica crítica além dos programas curriculares adotados pela maioria das instituições escolares voltados para o mundo do trabalho capitalista pode colaborar para a necessária emancipação do indivíduo frente ao sistema atual.

Deriva dessa experiência o interesse em pesquisar e discutir o papel do cinema de animação frente o publico infanto-juvenil, repensar o sentido conceitual moral e ético das obras de animação no nosso cotidiano, que chegam a nós de várias formas. Assim, propomos olhar os conceitos do mundo do trabalho muito além da adaptação e da acomodação para o mercado de trabalho, antes trata de identificarmos a mensagem fílmica como estratégia utilizada para interiorização dos mecanismos usados pela nova gestão e organização do trabalho como o trabalho em equipe e o empreendedorismo.

Sendo assim repensar o sentido conceitual moral e ético das obras de animação no nosso cotidiano, que chegam a nós de várias formas, tem como proposta olhar os conceitos do mundo do trabalho muito além da adaptação e da acomodação para o mercado de trabalho... com outro ponto de vista além da resiliência e da resignação profissional e existencial.

 


Monstros S/A

 

O cinema e seu papel na sociedade contemporânea

O cinema nasceu no século XIX, em 13 de fevereiro de 1895 por obra e pesquisa dos irmãos Auguste e Louis Lumiére no bojo da 2ª Revolução Industrial no transcorrer da 2ª modernidade do capital , e, portanto, durante as transformações científicas e tecnológicas no século XIX e início do XX. Os inventores do cinematógrafo (câmera com projetor) só puderam apresentá-lo ao público no Salon Indien do Grand Café (no boulevard dês Capucines de Paris) em 28 de dezembro de 1895 numa curta exibição de 20 minutos. Mas os esforços para sua criação é anterior aos irmãos Lumiére e passa por Henry M. Reichenbach, George Eastman e pelos irmãos J.W. e I.S. Hyatt (ARAÚJO, 1995; BERGAN, 2007).

Podemos dizer que nascia nesse período a arte-síntese, a arte-máquina e a mais completa e complexa arte do século XX. Com capacidade única de reunir outras formas estéticas, o cinema pode congregar a literatura, a fotografia, a pintura, a arquitetura e a música.

Mais tarde com a expansão dessa arte para o público e a ‘febre’ das produções e sua concorrência, várias inovações técnicas surgiram, assim como os espaços ou salas de cinema para divulgação das produções. Foi o caso, por exemplo, dos Nickelodeons, cujo nome vinha:

[...] de nickel, cinco centavos de dólar que era o preço do ingresso, e odeon, “teatro” em grego. Com cerca de 100 lugares, exibiam filmes continuamente para um fluxo constante de espectadores. O primeiro foi constituído nos EUA em 1905. Em 1907, 2 milhões de americanos os freqüentavam diariamente. Mas a febre não durou muito. Por volta de 1910, espaços maiores e com filmes mais longos começaram a substituí-los. (BERGAN, 2007, p 17).

Da mesma forma, no período entre-guerras (1919-1939), com os prédios maiores e os espaços mais amplos as exibições passaram a ocorrer nos Palácios de Filmes, com vistas a acomodar melhor os espectadores e proporcionar-lhes momentos de apreciação e diversão. Deve ser dito que após a Primeira Grande Guerra, que envolveu países do capitalismo central, inclusive os EUA, instalou-se uma crise moral refletida nas relações sociais no mundo do trabalho e nas opções político-partidárias.

A construção de amplos espaços reservados ao cinema representou, simultaneamente, a possibilidade de isolamento e abrangência do público americano. Assim, diante do “mal-estar” da civilização , os EUA, devido a posição econômico-financeiro privilegiada, traziam o reluzente mundo da fantasia em verdadeiros desses palácios que eram:

[...] mansões com salões esplêndidos, escadarias imponentes e notáveis órgãos Wurtlitzer - palácios de filmes. Vários eram as obras-primas da arquitetura art déco. Acomodavam em média 2 mil pessoas e exibiam três ou quatro filmes por dia. Isolando o público do deselegante mundo exterior, esses opulentos edifícios faziam parte da experiência cinematográfica tanto quanto os filmes. No final dos anos 30, porém, as bilheterias já não compensavam os investimentos dos estúdios em sua manutenção. (BERGAN, 2007, p. 22)

No sentido de popularização e aceitação pública as produções cinematográficas procuraram atingir públicos de diferentes faixas etárias, e boa parte das produções tinham esse objetivo, e sempre movidos pelo contexto da época. Ou seja, procurando atingir o público seguindo as necessidades imperativas do momento. Tanto que no período da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), e mesmo após, quando as condições econômicas e sociais eram árduas, passou a ser necessário um lazer que oferecesse fuga fácil, custo baixo, e suprisse parte do descanso de horas longas de trabalho, e devaneios diante da vida austera e histórias e notícias trágicas. Foi o caso de produções como faroeste e gângsteres, que agiam como calmante e forma de lazer, principalmente, após 1945 com a manifestação da chamada indústria cultural. Para isso foram criadas sessões de cinema específicas como os famosos - e antigos para alguns ou desconhecidos para outros – matinês para a exibição de faroeste B e desenhos animados.

Os desenhos animados, ou obras de animação, merecem uma atenção a parte dentro da história do cinema - também um olhar além da tela do espectador - pois estes aparecem efetivamente, dentro do cinema, a partir de 1920. Mas as tentativas, experiências e ensaios para criar o desenho animado antecedem os irmãos Lumiére e, portanto, o nascimento do cinema, passando por estilos, temas e técnicas e pelos desenhos a mão até chegar nas atuais produções da tecnologia digital.

Os primeiros (ou pioneiros) que tentaram truques para dar movimento aos desenhos apareceram antes do cinema, propriamente dito, como foi com Joseph Plateau (1832 – Bélgica) e Emile Reinaud (1882 - França) que lançou o praxinoscópio; e no início do século XX com J. Stuart Blacton (1908 – EUA), Winsor McCay (1909 - EUA).

A partir da década de 1920, como enfatizamos, o cinema já contava com técnicas e tecnologia avançadas, inclusive, com a introdução do som, surgiram unidades para produção de animações que eram apresentadas na abertura das programações dos cinemas. Mas eram obras consideradas rústicas se comparadas com as atuais computadorizadas e digitalizadas. Daí o aparecimento nessa década e nas seguintes de personagens como Gato Felix, Betty Boop, Mickey Mouse, Pato Donald, Pateta, Popeye, Tom e Jerry, Gaguinho, Patolino e Mr. Magoo... e obras como O Vapor Willie (1928), Branca de Neve e os sete anões (1937), As viagens de Gulliver (1939), Pinóquio (1940), Dumbo (1941), O grilo Pula Pula (1941), Bambi (1942). Estes só surgiram por conta de seus criadores como Pat Sullivan, Walt Disney, Willian Hanna, Joe Barbera, Chuck Jones, entre outros; chegando até os mais atuais com grande destaque na indústria cultural e grande difusão de marketing no final da década de 1980 e 1990 e 2000 como John Lester, Andrew Stanton, Darla K. Anderson e Kevin Reher (da Pixar Animation Studios – EUA), Steven Spielberg, Eric Darnell, Tim Johnson, Aron Warner e Brad Bird (da Dreamworks – EUA), Brad Bird (da Pixar-Disney) - EUA e Peter Lord e Nick Park (da Aardman – Inglaterra).

Na virada do século XX para o XXI, os novos talentos criativos e artísticos que surgiram - citados no parágrafo anterior - se utilizaram de técnicas do cinema digital e procuraram fazer desenhos diferentes, seja lançando novas histórias e personagens, relendo (e revendo) fábulas e redesenhando (e refilmando) algumas produções consideradas clássicas. Nesse grupo talentoso, destacamos produtores, diretores, roteiristas e outros profissionais que participaram da produção de obras como: Monstros S/A, Toy Story, Formiguinha Z, Vida de Inseto, Ratatuille, Fuga das galinhas e Os sem floresta.

 


A Fuga das Galinhas



Portanto, passado um século de produções em celulóides, apareceu, na década de 1990, a filmagem digital, que viria mudar a cara, o jeito e a forma de fazer filme, bem como sua divulgação, com o advento da internet. As obras de animação entraram nesse novo momento do cinema não só com novas produções, produtores, diretores e criadores, mas buscaram também atender (e atingir) o novo mercado rápido e globalizado/globalizante que surgia. O primeiro a se arriscar nessa técnica digital e conseguir sucesso foi o diretor John Lassater com Toy Story (1995), que acabou abrindo portas para outros.

Assim esse novo espaço que foi (re)conquistado pelas obras de animação possibilitou abocanhar um quinhão maior no mercado de entretenimento que passou a atacar brinquedos, adesivos, material escolar, calçados, roupas (calças, blusas, camisas, camisetas), CDs... e por aí vai com muita publicidade para atingir um público (faixa etária) cada vez maior, mas principalmente o infanto-juvenil.

Esse novo ‘filão’ possibilitou uma implosão/explosão de obras e talentos do mundo do entretenimento, que podem ser vistos em Monstros S/A, Toy Story, Formiguinha Z, Vida de Inseto, Ratatuille, Fuga das galinhas e Sem floresta, como já dissemos. Mas esses filmes, enquanto transmissores de visão de mundo, disseminam os valores, conceitos presentes no mundo do trabalho capitalista contemporâneo?

Abordamos, então, o papel do cinema, não desconsiderando a sua importância e a sua utilidade social, em seu tempo e época. Contudo, identificamos que as suas mensagens não são despretensiosas, ao contrário, elas reforçam a atual ideologia do mundo do trabalho. Os filmes, é claro, estão subsumidos ao sistema do capital mas podem, como alguns fazem, lançar um close-up (um ‘tiro’ disparado contra o público) de conhecimento e consciência crítica acerca da sociedade para o sujeito-receptor.

Como primeira reflexão da análise de filmes como estratégia educativa, propomos entender o cinema como um organismo/fenômeno/elemento que tem como função social atender, em sua maior parte, ao meio de entretenimento e a serviço da indústria cultural assumindo um papel manipulador das massas e reprodutor do sócio-metabolismo do capital, como defendem os teóricos/críticos da Sociologia do Trabalho, como Alves (2007), Britto (2006), Batista (2006).

Mas esta nova arte - do século XX e XXI – pode proporcionar ao espectador uma experiência crítica, e até uma transformação do ser a partir de momentos de recepção estética. Sendo assim o filme é, ao mesmo tempo, objeto artístico e objeto de reflexão com a possibilidade de ir além do mero entretenimento e passatempo (como lazer).

O sujeito-receptor (ou espectador) não está diante da obra cinematográfica num estado de inércia ou osmose - a não ser que a produção queira promover isso, mas pode criar, a partir dela, espaços e campos para um intermédio reflexivo, cabendo ao sujeito-receptor desvelar os eixos temáticos e problematizações latentes/existentes. Esta ação só poderá ocorrer a partir do momento que o arcabouço cultural do sujeito-receptor começar a servir como elemento e instrumento para compreensão numa ação totalizadora da obra em si, como nos diz Alves:

[...] cabe ao sujeito-receptor apreender (e se apropriar, no sentido conceitual e não apenas existencial) das temáticas do filme. O que significa que o filme não é apenas um texto a ser lido, sendo, portanto, objeto de intervenção hermenêutica, mas um pré-texto para desenvolver novas formas de experiências de conhecimento e de auto-conhecimento própria de uma experiência crítica individual –coletiva. (ALVES, 2006, p.294).

Para alcançarmos a criticidade necessária e possível ao sujeito-receptor é importante que o educador, que inclui nas suas aulas o cinema, não queira somente ‘aplicar’ a ideologia à tela, ou seja, os conteúdos analítico-categoriais na obra fílmica. Desta feita o que pretendemos é apreender os elementos particulares da estrutura narrativa e as sugestões temáticas, que por serem sugestões não se encerram em si mesmos, mas permitem o abrir portas diferenciadas de subtemas envolvidos em grande(s) temática(s) visualizadas e representadas pela obra em si. É importante termos clareza do eixo temático que direciona e dá sentido a obra fílmica, e quais temas permitem uma visualização e apropriação de elementos e subtemas menores/inferiores pensados e vistos pelo autor/produtor.

Destacamos estes aspectos iniciais como necessários porque na interpretação (e análise que pretende ser crítica) de um filme é importante identificarmos o eixo temático dentro de uma totalidade que compreende o contexto da obra, o papel e perfil do diretor, a categoria do gênero fílmico que representa ou é influenciado. “É a partir dessa totalidade concreta mais ampliada que podemos apreender o sentido, o significado e a perspectiva daquilo que nos é transmitido” (ALVES, 2006, p. 296 - grifo nosso) Buscamos desvelar a essência que está na obra de forma não declarada dentro e independente de seu gênero fílmico, ou seja, mesmo em comédia, terror, drama social etc., existem motivos, sentidos e causas/objetivos particulares - do indivíduo ou sujeito orgânico ou não - e gerais - influenciados por elementos e categorias da estrutura ou superestrutura.

O filme é e pode ser o pré-texto, o texto que conduz o sujeito a temáticas e auto-reflexão, ou seja, é um meio que pode contribuir não só para a autoreflexividade como também para a construção do conhecimento crítico e da auto-crítica, enquanto sujeito da história, portanto, não passivo. Torna viável, dessa forma, a tomada de consciência frente a opiniões que nos fizeram crer e aceitar, e também, de pré-conceitos que vieram com o mundo pronto e acabado que deixaram para nós.

 


Formiguinha Z


Concordamos com Alves (2006, p.299) ao defender que ”[...] apreender a coerência perfeita de um filme não se reduz à apreensão da perspectiva do outro (a opinião pessoal do diretor, por exemplo). Mas sim à compreensão das coisas “mesmas”, de nós, da nossa consciência histórica e do mundo social [...]”. Ou seja, toda produção cinematográfica carrega em suas mensagens visões de mundo dos elementos envolvidos na produção, com maior ou menor nível, de interferências, e, dessa forma, o filme educa (ou deseduca) o sujeito-receptor, quando cria mentalidades ou imaginários, pois toda obra de arte carrega ideologia e é reflexo de seu mundo histórico. E, aqui, entra a nossa defesa de que o arcabouço cultural e os conceitos da dialética são ferramentas que possibilitam ao sujeito-receptor- espectador - esse sair da osmose e inércia e agir como agente histórico.

E se a obra cinematográfica produzida e mercantilizada em determinada época for a de animação? Ela também merece toda atenção e cuidado, embora seja apresentada como ingênua ou lazer, até pois o alcance de seu público não permanece no infantil, ou infanto-juvenil, mas abraça os adultos também.

O leitor - estudante ou educador – pode se perguntar: e daí o que fazer? Podemos lançar mão da mesma metodologia crítica que nos possibilite dissecar a obra no seu contexto histórico, enquanto texto, pré-texto, conhecer seu gênero - embora pareça óbvio num primeiro momento – o sentido da mensagem e visão de mundo dos elementos envolvidos na produção e divulgação. Enfim como fruto do seu tempo e afetado pelas ideologias, pensamentos, conceitos, pré-conceitos e imaginários coletivos.

Em nossa tese, as obras que se apresentam despretensiosamente como voltadas ao publico infanto-juvenil, contem aspectos do mundo do trabalho capitalista e reforçam para o sujeito-receptor a postura, conhecimento (teórico/prático) as relações profissionais e pessoais necessárias e típicas da modernidade atual, ou seja, da 3ª modernidade do capital (ALVES, 2007). Estas podem, ainda, reforçar e levar à naturalização de ações/reações e conduzir precocemente a introjeção de conceitos presentes nesse mundo do trabalho capitalista atual e pertencentes as manifestações culturais do sistema de produção atual.

Notamos, por exemplo, que estão presentes - e se repetem - nessas obras (de animação) conceitos como Trabalho em Equipe, Gestão, Liderança, Liberdade, Utopia, Concorrência, Propaganda e publicidade, Sucesso, Fracasso, Qualidade Total, Emprego e desemprego, Divisão sexual no trabalho, Determinismo, Individualismo, Toyotismo, Heroísmo e Anti-herói, Fordismo/taylorismo, Empreendedorismo, dentre outros conceitos e aspectos do mundo do trabalho como Trabalho Coletivo, Globalização, Cidadania, Emancipação Humana, Alienação, Gerência, Sociedade de Consumo, Mercadorias e mercadorização, Hierarquia de trabalho, Trabalho (e exploração de mão-de-obra), Qualidade de Vida, Solidariedade... e estes estão presentes não somente no capitalismo, como também nas três fases do capitalismo moderno.

É claro que alguns desses conceitos aparecem de forma mais clara, outros, porém, só podemos identificá-los a partir de uma leitura além da tela, quando utilizamos a metodologia crítica. Acreditamos que essa possibilita entender e decifrar as mensagens se apoiarmo-nos, também, na teoria da recepção. Com esta proposta, e por que não, estratégia, analisamos os filmes com o objetivo de discutirmos, numa perspectiva crítica, conceitos ideológicos do capitalismo global, com a desconstrução racional (pensada) para alcançarmos a dimensão histórica e sociológica do mundo burguês. Também avançamos para o campo da educação escolar, procurando estabelecer uma relação entre as mídias e seus conteúdos que circulam extra-escola na vida do indivíduo-estudante.

As produções cinematográficas de 1991 a 2006, são marcadas pelo neoliberalismo, pela globalização, pelo toyotismo e sua nova a forma de gerir a produção com a reestruturação produtiva e administrativa - como Kan-ban, Just in time, CCQs , etc. - pela mundialização do capital, pela financeirização, entre outros; e seus reflexos que aparecem nas relações entre os personagens das obras, e nas suas personalidades, atitudes e reações diante de fracassos, sucessos, concorrência, competitividade, pressão organizacional e social...

Como exemplo do que descrevemos, citamos abaixo uma pequena sinopse extraída de uma das obras de animação e outros conceitos possíveis de serem identificados e trabalhados com o educando em cada uma das obras elencadas, apoiando-nos em algumas categorias e conceitos da Sociologia do Trabalho, da História e na Teoria da Recepção:

1. Monstros S/A (PETER DOCTER, -2001):

É possível identificar nessa obra a presença da ideologia do mundo do trabalho capitalista e seus conceitos significativos quando se destacam por diversas vezes o uso de trabalho em equipe, concorrência e competitividade, individualismo, qualidade de vida e de trabalho, dentre outros.

Na fala dos produtores, e dos principais envolvidos sobre o processo de imaginação e criação destaca-se, cautelosamente, as palavras de Lee Unkrich: “em que tudo foi original quanto ao possível mundo dos monstros que fosse legal e com sentido”. Ou mesmo como Harvey Jessup ao afirmar que a intenção de todos foi “Mostrar que o mundo em que eles - os monstros - vivem é alegre, feliz e todos trabalham num projeto (mundo) feito para eles. A idéia era mostrar a Monsters Inco como uma fábrica, com as divisões de espaço para operários, executivos, etc.”; isso intencionado para que o público entenda que “Tudo o que fazemos é verdadeiro e para o público que acredita ser ele verdadeiro” (JOHN LESTER, 2001)

Num dos discos do produto, que pode ser investigado pelo sujeito-receptor, um dos links possibilita conhecer melhor o espaço em que os monstros são treinados, e ele se depara com o Manual do Empregado onde aparecem claramente as regras que o funcionários devem praticar para segurança do processo produtivo, desde as explicações de funcionamento do espaço, suas ações obrigatórias, passando pelo cardápio de lanche (almoço), os perigos de contaminação, o suporte técnico, etc. Num outro momento aparece uma classificação com os monstros do mês com maior produção anual. E ao novo funcionário a propaganda é clara: A fábrica trabalha 24 horas por dia, 7 dias por semana. Já o monstro proprietário (diretor-presidente) aparece como membro da terceira geração de uma linhagem familiar que montou a fábrica que está à frente da concorrência. Na produção de sustos o processo é uma simbiose entre fordismo (com a esteira rolante das portas) e toyotismo- acrescido de tecnologia de informação - em que o funcionário deve memorizar uma senha, obter e controlar o início da produção com um cartão, e se o monstro não conseguir produzir um susto na criança a sua peça (e espaço) de produção é anulada e destruída, e ao final de suas tarefas diárias ou semanais o trabalhador tem que realizar um relatório (em seis vias) que segue aos seus superiores que controlam o processo de produção e o produto final.

2. Categorias e conceitos:

Toy Story (1995): Sociedade de consumo e mercadoria; Felicidade; Alienação; Lazer e publicidade; Qualidade de vida; Saúde, doença e bem-estar...

Formiguinha Z (1998): Cinema digital; Capitalismo e sociedade moderna; Educação escolar; Militarismo e ditadura militar; Solidariedade...

Vida de inseto (1999): Administração capitalista; Produção e produtividade; Proletariado e lumpemproletariado...

Fuga das Galinhas (2000): Sistema capitalista pós-Segunda Guerra Mundial; Segunda modernidade do capital; Liberdade e autonomia; Trabalho, profissão e emprego...

Monstros S/A (2001): Imperialismo; Concorrência. Competitividade; Trabalho em Equipe; Individualismo. Solidariedade e Emancipação humana...

Os sem-floresta (2006): Fome; Meio ambiente; Aquecimento global; Mudança climática; Cidadania e globalização; Obesidade; Neokeynesianismo...

Ratatoullie (2007): Valores (concorrência e inveja); Ditadura do sucesso; Emprego e desemprego; Qualidade total gastronômica; Indústria de alimentos...

Ao identificarmos e olharmos com mais vagar os conceitos apresentados, que caracterizam, também, o período em questão podemos fazer uma interpretação e análise que vai além da ingenuidade das expressões, músicas e cores dos personagens contextualizando os conceitos: trabalho em equipe e empreendedorismo.

O trabalho em equipe, tão pregado pela nova gestão e organização do trabalho, apropriado pela educação escolar está presente na linguagem fílmica. Nesta, percebemos que não é a solidariedade entre os indivíduos a sua principal meta, como observado no enredo de Monstros/A.

O Trabalho em Equipe está inserido no movimento de reestruturação da produção que se efetivou no núcleo da crise estrutural do capital, no final do século passado, como nova forma de gestão do trabalho juntamente com a polivalência, CCQ, envolvimento implicado, relações sindicato-empresa... E entre os elementos estratégicos para sua efetivação com sucesso estão a realização dos “cafés participativos” e a “filosofia de vida” do kaizen que juntos praticam e reforçam a disciplina, a participação nas decisões em grupo e o comprometimento (como participação e envolvimento). Esta filosofia de trabalho em equipe objetiva-se, portanto, garantir pessoas com visão ampla da empresa, total fidelidade, para disciplinar a mão-de-obra e formar líderes dentro dos locais de trabalho através de treinamento dos trabalhadores. Para isso exigi-se o estudo obrigatório e a aplicação das orientações contidas em manuais e códigos de ética, como o Manual de Integração que as empresas Toyota do interior do estado de São Paulo cobram de seus funcionários para que se alcancem as prioridades necessárias da empresa (LIMA, 2006).

Na realidade o que se processa é uma “captura da subjetividade” do trabalhador (ALVES,2007) que ao cumprir os objetivos e resultados exigidos pela empresa são gratificados- “incentivados” –com a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) mesmo que isso implique no fortalecimento da não solidariedade dos trabalhadores, enquanto indivíduos ou classe social, e demonstre assim que a divisão dos treinamentos em “Motivação”, “Trabalho em Grupo” e “Liderança” são passos fundamentais para a formação do novo perfil do trabalhador do século XXI.

Portanto, trabalho em equipe, prevalece e permanece, enquanto uma concepção que se limita a querer do indivíduo uma contribuição individual para que se alcance a lucratividade que é o objetivo final. O indivíduo trabalhador tem a obrigação de se adaptar à dinâmica da produção, esquecendo ou nem conhecendo o sentido de sua indissociabilidade em movimentos coletivos. Ou seja, “mede-se hoje a capacidade de produzir em sua equipe e não o trabalho ou capacidade de trabalhar em equipe. O trabalho em equipe é conteúdo e não método” (BRITO-2006, p.352).

Outro conceito transmitido por Monstros S/A e nas obras do cinema infantil, citadas anteriormente, articulado ao trabalho em equipe, é a ideologia e subjetividade do toyotismo - seus principais campos de atuação - ao defender o consentimento e o pertencimento quando personagens falam que a preocupação maior é não destruir a empresa e o dever em fazer tudo pela companhia.

E mesmo na busca do sonho e da utopia a organização (colônia ou empresa) é apresentada como o único lugar onde a vida é possível e que esta inexiste fora da empresa (ou colônia- Formiguinha Z), e o que está fora de seus conceitos e estrutura aparece como distopia.

 


Vida de Inseto



O Empreendedorismo, outro conceito presente nos filmes infantis, citados anteriormente, aparece nas mensagens, enquanto ‘fenômeno’ criador de riquezas e proporcionador de capacidades de saber ser, saber viver e saber fazer e criar condições para os indivíduos o que não se aponta ou deixa espaço é para esclarecer que, assim como a competência e a empregabilidade, este - empreendedorismo - também é ideologia educacional do capital, que por sua vez oculta seu conteúdo essencial, que é o de que o mercado não é para todos e sim para os oligopólios financeiros. E desta forma o fenômeno - empreendedorismo - não consegue atingir seu objetivo de criar e dividir a riqueza por igual superando um dos problemas candentes do capital. Torna-se uma construção ideológica de farsa operando entre sonho e realidade e interventendo os sentidos da utopia e da distopia.

Entendemos que essas produções cinematográficas colaboram para formar cidadãos que se adaptem ao mundo do trabalho capitalista, não sejam tão reflexivos além do permitido/necessário, que sigam o consentimento trabalhista e sindical dominante, entendam e aceitem a flexibilização trabalhista como natural dos tempos atuais... E um organismo (instituição) que colabora com essa formação de cidadão polivalente, multifacetado, multifuncional, dinâmico, criativo, inovador, sensível, ousado, colaborador, flexível... que o toyotismo prega é a escola por adotar uma pedagogia de consentimento e não criar mecanismos e didáticas conscientizadoras e emancipadoras e não propor uma ampliação da margem do pensamento crítico.

E isso se manifesta muitas vezes na ação própria do profissional da Educação - professor ou educador – que por não conseguir competir com o mundo dos espetáculos da mídia, acaba levando para a sala de aula, junto com seu arcabouço, esse mundo midiático. E é aí, como diz Fantin (2003, p.12), que “ [...] o filme no âmbito da escola é usado como ilustração e complemento, e uma vez que a escola tem uma estrutura de trabalho centrada no texto escrito o cinema não é visto como uma linguagem com determinados conteúdos e nem em sua especificidade.”

Nossa preocupação como cidadãos e educadores - ao nos posicionarmos como consumidores e usuários desses recursos em nosso cotidiano (pessoal ou profissional) - deve ser, também, de entender o poder de influência das obras de animação sobre o sujeito-receptor. Este poder torna-se evidente quando crianças, jovens ou adultos desejam ser os personagens dessas produções fílmicas, ou incluem em suas conversas e encontros nos círculos de amizades conteúdos sobre o enredo, discussões e brincadeiras sobre a obra, e estabeleçam, até, uma relação de afeto grande e profundo com o objeto que transporta as imagens da obra: o DVD ou VHS. Além disso, em seus vocabulários passam a fazer parte frases, chavões e conceitos aprendidos a partir dessa recepção, tornando os personagens modelos para os receptores.

Assim as mensagens fílmicas são internalizadas como algo natural, e a imagem de mundo transmitidas se isentam de questionamentos, o que torna necessário a atuação de escolas e seus profissionais- educadores –para desmistificar “verdades” vendidas pela obra. Isso possibilita a construção de um novo perfil de sujeito-receptor, com conhecimento crítico capaz de analisar e entender o que o filme reforça ou a imagem que quer vender.



Considerações finais

Nessas breves linhas procuramos mostrar a presença e influência midiática do cinema de animação em nossas vidas (pessoais e profissionais) e nas dos educandos (crianças ou jovens), e que esta pode ser utilizada como recurso didático e objeto pedagógico. Vivenciamos a sociedade do espetáculo (HARVEY-1993), na qual força da imagem atua no cotidiano do jovem em processo de escolarização (SETTON-2004). Portanto, cabe a nós – professores e educadores - oportunizar aos jovens (e crianças) por meio, também, do cinema de animação, reflexões sobre as mensagens fílmicas, bem como levá-los a compreender suas vidas e da realidade em que estão inseridos, além de estimulá-los para o uso da informação (escolar ou não) como ferramentas fundamentais na construção de seus conhecimentos e nas suas formações como cidadãos e agentes históricos (ou de suas histórias individuais).

É necessário repensarmos e buscarmos um projeto de educação que sirva, como já disse BRITTO (2006), para transformação, ou seja, uma escola que tenha proposta inovadora de fato, apoiada numa pedagogia que construa novos caminhos e alternativas para o saber, para a organização em sociedade diferente da atual e que parta do princípio de que o conhecimento deve ser construído pelos personagens envolvidos no processo fundamentado numa epistemologia para compreender o mundo atual.

Se os cursos profissionalizantes ou de Ensino Médio, reforçam as máximas do Saber Ser, Saber Fazer, Saber Aprender e Saber Conviver...como propagam e ensinam os órgãos internacionais que são controlados por países do capitalismo central, e as escolas de países periféricos consentem, repassam, orientam, treinam seus educadores com oferecimento de propostas curriculares 'inovadoras', cabe, então, aos comprometidos com a consciência crítica e construção do conhecimento, com a vida, com o próximo, com a justiça e com o planeta ousar nas suas ações em sociedade para que o futuro que sempre está próximo, mas distante como o horizonte, seja construído dentro de um compromisso (com a Pedagogia Crítica): um novo ser humano, para uma nova vida e novos sonhos coletivos.... quem sabe sem concorrência, individualismo, egoísmo, sem ignorância e alienação sobre o mundo.

Assim defendemos a idéia que todos os recursos utilizados no processo educativo devem passar por análise minuciosa e cautelosa voltando-se sempre para os reais e necessários objetivos da escola em sua função social. Acreditamos ser importante essa clareza para então sonharmos com outro mundo possível diante do que aí está.
Reforçamos a idéia de que é preciso clareza da dimensão e lógica do uso da educação como instrumento fundamental na vida do ser humano, que pode servir tão somente para o mercado de trabalho ou romper com a lógica do capital e, até, para ser feliz. Sendo assim o olhar crítico sobre o aparentemente ingênuo ou divertido deve ser feito num caminho de mão dupla: nos lares e na educação escolar formal.

É preciso abrir os olhos da alma crítica para como as coisas estão postas hoje, como a tecnologia e a ciência, as formas de produção e a insegurança no trabalho, para tentarmos vislumbrar coisas humanas além das inumanas que imperam na atualidade. Estarmos atentos e prepararmos as pessoas para não só viver no mundo, mas torná-lo melhor é função da educação em qualquer campo em que atue para superar a atual crise de existência da espécie e da sociedade, mas para isso temos de saber buscar nos lugares certos como nos desembaraçar dessa crise.

REFERÊNCIAS

LIMA, Eunice. Toyota: a inspiração japonesa e os caminhos do consentimento> In: ANTUNES, Ricardo (Org.) Riqueza e miséria do trabalho no Brasil. São Paulo: Boitempo, 2006, p. 115-145
ALVES, Giovanni. Trabalho e cinema – o mundo do trabalho através do cinema (volume 1). Londrina: Práxis 2006.
______. Dimensões da reestruturação produtiva: ensaios da sociologia do trabalho. Londrina: Práxis, 2007.
ARAÚJO, Inácio. O cinema em movimento. São Paulo: Scipione, 1995.
BATISTA, Roberto Leme. A panacéia das competências: uma problematização preliminar. In: GONZALES, Jorge Luis Cammarano (org.). Trabalho e educação – contradições do capitalismo global. Londrina: Práxis, 2006.
BERGAN, Ronald. Guia Ilustrado Zahar – Cinema. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 2006.
BRITTO, Luiz Percival Leme. Alfabetismo e educação popular In: GONZALES, Jorge Luis Cammarano (org.) Trabalho e educação contradições do capitalismo global. Londrina: Práxis, 2006.
FANTIN, Mônica. 2003. Cinema: produção cultural para crianças e o cinema na escola. Disponível em: <http://twiki.ufba.br/twiki/pub/GEC/TrabalhoAno2003/producao_cultural.pdf >. Acesso em: 01, jul, 2009.
HARVEY, David. A condição pós-moderna. São Paulo: Loyola, 1993.
LESTER, John. 2001. DVD Monstros S/A, disco 2(link Bônus), EUA.
PINTO, Geraldo Augusto. A organização do trabalho no século 20: taylorismo, fordismo e toyotismo-1ª Ed-São Paulo: Expressão Popular, 2007.
SETTON, Maria da Graça Jacintho (Org.). A cultura da mídia na escola: ensaios sobre cinema e educação. São Paulo: Annablume: USP, 2004.

FILMOGRAFIA:
Toy Story. Estados Unidos, 1995. Direção: John Lasseter
Formiguinha Z. Estados Unidos, 1998. Direção: Eric Darnell e Tim Johnson
Vida de inseto. Estados Unidos, 1999. Direção: John Lasseter
Fuga das Galinhas. Estados Unidos, 2000. Direção: Peter Lord e Nick Park
Monstros S/A. Estados Unidos, 2001. Direção: Peter Docter
Os sem-floresta. Estados Unidos, 2006. Direção: Tim Johnson
Ratatoullie. Estados Unidos, 2007. Direção: Brad Bird

 

 

 

Claúdio Vieira Pinto é Professor de História no Ensino Médio
de Escolas Pública e Particular no Estado de São Paulo
e colaborador do Projeto Tela Crítica.

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